Etapa 1 Reflexões acerca da fala.
Etapa 2 Reflexões acerca da escrita.
Etapa 3 As músicas que eu ouço.
Etapa 4 Reportagem.
Etapa 5 Hitler e o preconceito linguístico.
Etapa 6 Viva a diferença.
Etapa 1: Reflexões acerca da fala
Materiais: plaquinhas elaboradas com figuras diversas que podem ser recortadas de revistas, jornais ou impressas. Gravador de voz ou vídeo.
Tempo previsto: 50 minutos.
Objetivos específicos: construção de um texto oral e coletivo. Reflexão sobre linguagem oral e seus conectivos. Discutir como os exemplos da língua em uso verbalizados pelos alunos poderiam ser ditos em outras regiões e contextos comunicativos.
O professor deve providenciar placas com figuras diversas (dispostas de forma que os alunos não vejam as imagens antecipadamente) e um gravador de voz (pode ser o gravador de voz de um celular). Dispor a turma em semicírculo e, em seguida, entregar uma imagem ao primeiro participante que deverá iniciar uma narrativa que envolva o objeto mostrado. Providenciar para que a narrativa dos alunos seja gravada e ir anotando as manifestações da língua em uso que, no caso, serão próprias da linguagem oral. Cada participante terá até um minuto para sua narrativa oral. Em seguida, apresentar outra placa ao segundo participante que deverá dar continuidade à narrativa do colega, inserindo o objeto da nova imagem que lhe foi entregue. Repetir tal procedimento até que todos os alunos participem da construção da narrativa oral e coletiva.
Após a criação do texto oral, o professor irá expor, anotando na lousa, os exemplos da língua em uso que foram manifestados pelos alunos e anotados durante a dinâmica. Discutir com os alunos os recursos coesivos característicos do texto oral e como alguns exemplos citados poderiam ser ditos em outras regiões no nosso país e em outros contextos comunicativos.
Etapa 2: Reflexões acerca da escrita
Materiais: Quadro e giz ou pincel, caixa de som, áudio da etapa anterior.
Tempo previsto: 50 minutos.
Objetivos específicos: promover reflexões acerca da linguagem oral e da linguagem escrita, suas características, necessidade de adequação de cada uma delas e uso mais monitorado da língua.
Mostrar o áudio da atividade anterior aos alunos para que relembrem a sequência dos fatos narrados anteriormente e percebam as marcas de oralidade presentes. Levá-los à reflexão sobre as diferentes formas de realização do Português Brasileiro. Desafiar os alunos a transformarem a narrativa oral em narrativa escrita mais monitorada. Propor que a escrita do texto seja feita de forma coletiva, em que cada aluno poderá relatar como a parte de sua narrativa poderá ser escrita e o professor irá anotar no quadro.
O professor deve aproveitar esse momento para auxiliar os alunos na produção escrita mais monitorada, com vistas a um uso da língua mais formal, utilizando recursos linguísticos atrelados às variedades cultas da língua. Nesse momento, o professor deve estimular uma reflexão a respeito da situação comunicativa em que estão inseridos e nos usos linguísticos mais adequados a tal situação.
Etapa 3: As músicas que eu ouço.
Materiais: datashow, caixa de som e cópias das letras das músicas a seguir.
Tempo previsto: 50 minutos.
Objetivos específicos: oportunizar a percepção do estilo linguístico (menos monitorado) usado pelos autores das canções. Discutir o preconceito relativo ao nosso modo de falar. Discutir o contexto comunicativo em relação ao acionamento de nosso repertório linguístico e a relação erro e desvio nos usos da linguagem.
Entregar cópias das músicas a serem trabalhadas e exibir seus clipes.
1ª Música: A gíria é a cultura do povo
De: Bezerra da Silva.
Toda hora tem gíria,
No asfalto e no morro.
Porque ela é,
A cultura do povo
Pisou na bola,
Conversa fiada malandragem.
Mala sem alça é o couro,
Tá de sacanagem.
Tá trincado é aquilo,
Se toca vacilão.
Tá de bom tamanho,
Otário fanfarrão.
Tremeu na base,
Coisa ruim não é mole não.
Tá boiando de marola,
É o terror alemão.
Responsa catuca,
É o bonde, é cerol.
Tô na bola ,
Corujão vão fechar seu paletó.
Toda hora tem gíria,
No asfalto e no morro.
Porque ela é,
A cultura do povo.
Se liga no papo maluco,
E o terror!
Bota fé compadre,
Tá limpo!
Demorou!
Sai voado,
Senti firmeza!
Tá tranquilo.
Parei contigo!
Contexto baranga,
É aquilo.
Tá ligado na fita!
Tá sarado,
Deu bote,
Deu mole,
Qual é?
Vacilou!
Tô na área,
Tá de bofe?
Tá bolado?
Babou a parada,
A mulher de tromba sujou.
Toda hora tem gíria,
No asfalto e no morro.
Porque ela é,
A cultura do povo.
Sangue bom,
Tem conceito malandro.
E o cara ai!
Vê se me erra boiola,
Boca de siri.
Pagou mico,
Fala sério.
Tô te filmando!
É ruim ein,
O bixo ta pegando.
Não tem caô!
Papo reto,
Tá pegado.
Tá no rango mané,
Tá lombrado.
Caloteiro,
Carne de pescoço,
Vagabal!
Tô legal de você 171,
2ª Música: Respeita as mina
De: Kell Smith
Short, esmalte, saia, mini blusa
Brinco, bota de camurça, e o batom? tá combinando!
Uma deusa, louca, feiticeira, alma de guerreira
Sabe que sabe e já chega sambando
Calça o tênis, se tiver afim, toda toda
Swag, do hip hop ao reggae
Não faço pra buscar aprovação alheia
Se fosse pra te agradar a coisa tava feia
Então mais atenção, com a sua opinião
Quem entendeu levanta a mão
Respeita as mina
Toda essa produção não se limita a você
Já passou da hora de aprender
Que o corpo é nosso nossas regras
Nosso direito de ser
Respeita as mina
Toda essa produção não se limita a você
Já passou da hora de aprender
Que o corpo é nosso nossas regras nosso direito de ser
Sim respeito é bom bom
Flores também são mas não quando são dadas
Só no dia 08 03
Comemoração não é bem a questão
Dá uma segurada e aprende
Outra vez saio e gasto um din, sou feliz assim
Me viro ganho menos e não perco um rolezin
Cê fica em choque por saber
Que eu não sou submissa
E quando eu tenho voz cê grita: “ah lá a feminista! “
Não aguenta pressão arruma confusão
Para que tá feio irmão!
Não leva na maldade não
Não lutamos por inversão
Igualdade é o ” x ” da questão, então aumenta o som!
Em nome das marias, quitérias, da penha silva
Empoderadas, revolucionárias
Ativistas, deixem nossas meninas serem super heroínas!
Pra que nasça uma Joana D’Arc por dia!
Como diria Frida: “eu não me kahlo! “
Junto com o bonde saio pra luta e não me abalo
O grito antes preso na garganta já não me consome
É pra acabar com o machismo
E não pra aniquilar os homens
Quero andar sozinha porque a escolha é minha
Sem ser desrespeitada e assediada a cada esquina
Que possa soar bem, correr como uma menina
Jogar como uma menina
Dirigir como menina, ter a força de uma menina
Se não for por mim, mude por sua mãe ou filha!
Os alunos devem ser motivados a comentar sobre as músicas, percebendo as gírias e tentando descobrir seus significados. É fundamental incentivá-los à expressão de suas ideias sobre a linguagem utilizada nas duas músicas. A partir das discussões suscitadas pelos alunos, o professor deve promover uma discussão a respeito de preconceito linguístico e uma reflexão acerca do que pode ser considerado como desvio ou erro, no que se refere aos diferentes usos da língua. Citar exemplos retirados das letras das músicas e das vivências dos alunos em sala de aula.
Etapa 4: Reportagem
Materiais: datashow e folhas de papel para escrita de um texto.
Tempo previsto: 50 minutos.
Objetivos específicos: promover reflexões relativas ao combate ao preconceito linguístico, oportunizar reflexões relativas às noções de erro e desvio em relação ao contexto comunicativo.
Projetar e ler a reportagem publicada em 2013 sobre “os compositores que assassinam o português”, veiculada pelo portal R7. (Disponível em: https://diversao.r7.com/pop/musica/fotos/compositores-assassinam-o-portugues-veja-os-erros-mais-graves-nas-musicas-famosas-13062017#!/foto/1 Acesso em: 24 jul. 2018).
O professor deve fazer comentários sobre as justificativas apresentadas pelo autor da matéria ao considerarem os “erros mais graves em músicas famosas”.
Levar os alunos à reflexão:
⦁ A postura do autor do texto demonstra algum tipo de preconceito linguístico?
⦁ Você usa frases como as destacadas como “erradas” na reportagem?
⦁ Encontramos inadequações em relação à norma padrão?
Propor que cada aluno escreva um texto manifestando sua opinião sobre a reportagem lida e discutida
Etapa 5: Hitler e o preconceito linguístico
Materiais: datashow e caixa de som.
Tempo estimado: 50 minutos.
Objetivos específicos: levar o aluno a compreender a língua e sua heterogeneidade, o preconceito linguístico e a necessidade de combatê-lo
Antes dos alunos visualizarem o vídeo a seguir, o professor deve fazer uma breve contextualização, situando o aluno em relação ao protagonista do vídeo, Hitler (político alemão que serviu como líder do partido nazista, ditador alemão, um dos principais instigadores da 2ª Guerra Mundial e figura central do Holocausto – assassinato em massa de judeus durante a 2ª Guerra Mundial)
O vídeo a ser exibido aos alunos faz uma paródia com algumas cenas do filme “Hitler: a career”, as legendas são trocadas por um discurso caloroso em que o protagonista combate o preconceito linguístico.
O vídeo resume bem a temática do preconceito linguístico e a necessidade de combatê-lo. Discutir com os alunos sobre o vídeo assistido. É importante verificar se houve algum termo que não tenham compreendido e ajudá-los na compreensão.
Etapa 6: Viva a diferença.
Materiais: Tiras de papel com nomes de partes do corpo e/ou acessórios, folhas de papel sulfite, duas cartolinas.
Tempo previsto: 50 minutos
Objetivos específicos: levar o aluno a perceber a necessidade de adequação linguística e compreender a necessidade de acionar diferentes variedades linguísticas no uso cotidiano da língua.
O professor irá preparar pequenas tiras de papel com nomes de partes do corpo ou acessórios (camisa, calça, tênis, relógio etc.) para que cada participante sorteie uma tira e faça um desenho representando o que sorteou, no papel sulfite.
Segue abaixo um modelo de orientação para confecção das tiras de papel para o sorteio:
Dois olhos Um nariz
Uma boca Duas orelhas
Um queixo Cabelo
Duas sobrancelhas Dois braços
Uma cabeça ( só o contorno) Um pescoço
Mão direita Mão esquerda
Tronco Abdome
Perna direita Perna esquerda
Pé direito Pé esquerdo
Camiseta Calça jeans
Um par de tênis Um relógio
Após cada aluno ter desenhado, o professor deve pedir que tentem montar o desenho em uma cartolina que deve estar fixada no quadro.
Várias dificuldades serão encontradas, afinal cada um desenhou de uma forma e tamanho diferentes e as partes podem não encaixar. Após todos terem fixado seus desenhos, tentando fazer os devidos encaixes, o professor poderá promover analogias partindo dos próprios desenhos dos alunos.
Alguns exemplos de analogias: se nos depararmos com olhos maiores do que a cabeça do desenho formado, os olhos continuaram sendo olhos, mas não estão adequados ao contexto, ao restante do desenho. De tal modo, ao usarmos uma linguagem extremamente informal em uma reunião de trabalho sobre metas e expectativas da empresa em que trabalhamos, estaremos nos comunicando, mas não estaremos sendo adequados ao contexto em que estamos. Discutir as manifestações de preconceito que podem surgir devido a nossa inadequação na fala e na escrita.
O professor deve estimular uma reflexão sobre o uso de nossa língua e a necessidade de termos ciência de que para que ela seja eficiente (na modalidade escrita ou falada), precisamos levar em consideração todos os elementos que compõem a cena comunicativa. Afinal, ao levar em consideração o todo, conseguimos criar um texto coerente e coeso de forma a atingir o objetivo comunicativo. Nesse sentido, quanto mais conhecemos nossa língua, melhores ferramentas teremos para melhor articular o uso da língua.
Colocar a última cartolina colada no quadro e pedir que dessa vez, cada aluno desenhe, um por vez, sempre procurando acrescentar o que for fazer de forma coerente com o desenho anterior. Dessa vez, a tarefa ficará mais fácil e o professor deve destacar que, apesar das diferenças, ao observarmos o contexto, podemos nos adequar para a melhor consecução de um objetivo.
O professor poderá propor analogias observando as diferenças entre os dois desenhos, levando o aluno a perceber que as partes do nosso corpo são diferentes e possuem seus objetivos específicos. De igual modo nossa língua é composta por variedades linguísticas diferentes que se modificam conforme o contexto histórico, geográfico e sociocultural, e que se prestam a um determinado objetivo comunicativo no qual é manifestada.
Podem aparecer partes do corpo que não se encaixam no primeiro desenho e que no segundo apresentam um melhor encaixe. Aproveitar esses exemplos para mostrar que o uso da linguagem deve ser adequado ao contexto de uso (mais formal ou menos formal, mais monitorado ou menos monitorado, língua escrita ou linguagem verbal. Quando não acionamos nosso repertório linguístico ou não possuímos o conhecimento necessário para essas adequações, nossa linguagem pode não “encaixar” no contexto necessário, tal qual o desenho que se apresenta (aproveitar e citar as partes que não se encaixam no desenho 1). Mostrar o desenho 2 e enfatizar o ajuste das partes, que foram primeiramente pensadas e depois executadas e de igual modo nosso texto requer planejamento para ser executado e produzir o efeito almejado.