Etapa 1 A interpretação.
Etapa 2 Precisamos de clareza.
Etapa 3 Quando falar é agredir.
Etapa 4 Falando tudo.
Etapa 5 O boneco.
Etapa 6 Folhas que falam.
Etapa 7: A interpretação
Materiais: uma folha de papel sulfite e uma venda para cada aluno.
Tempo previsto: 30 minutos.
Objetivos específicos: promover uma experimentação a respeito da escuta e interpretação de uma mensagem.
O professor irá dispor a turma em semicírculo e entregará uma folha de papel sulfite e uma venda de TNT ou tecido para cada aluno. Pedir para que cada um tape bem os olhos com o auxílio da venda.
Quando todos estiverem vendados e em posse da folha de papel sulfite, o professor deve solicitar que todos ouçam com atenção as instruções e sigam cada uma delas, sem questioná-las:
– Dobre a folha ao meio;
– Faça um furo no meio da folha;
– Dobre novamente a folha ao meio;
– Rasgar uma das diagonais da folha;
– Dobrar na diagonal;
– Dobrar novamente ao meio;
– Juntar duas pontas da folha;
– Dobrar para a direita uma das pontas.
Solicitar que os alunos retirem as vendas e observem os diferentes resultados das dobraduras de cada participante. Discutir sobre as prováveis razões das diferenças encontradas, das diferentes formas de interpretação de um mesmo texto, bem como sobre a necessidade de sermos claros em nossas colocações para evitarmos interpretações equivocadas de nosso discurso. E dessa forma, favorecendo uma comunicação eficiente.
Etapa 2: Precisamos de clareza
Materiais: datashow, folhas de papel pardo, pinceis ou canetões (para escrita de cartazes).
Tempo previsto: 50 minutos.
Objetivos específicos: propiciar ao aluno ponderações a respeito da necessidade de clareza em seus textos, observando a escolha do vocabulário e a influência da pontuação.
Projetar as imagens a seguir para os alunos:




Ler com alunos cada uma das placas, incentivando-os a descobrir as várias possibilidades de interpretação. Discutir sobre a necessidade de clareza ao nos expressarmos, sobre a escolha adequada de palavras e a influência da pontuação nos enunciados. Ressaltar que a inobservância das adequações necessárias pode comprometer o sentido do texto e levar a leituras totalmente equivocadas e diferentes daquilo que foi pretendido pelo autor do texto.
Dividir a sala em 4 grupos e distribuir a cada grupo, papel pardo e pinceis diversos. Após refletirem a respeito da melhor forma de tornar o seu texto mais claro, deverão usar os materiais entregues para criarem uma nova versão da mensagem.
Ao final, cada grupo terá 5 minutos para apresentar sua atividade e explicitar as escolhas realizadas.
Etapa 3: Quando falar é agredir.
Material: cópias do texto e das questões para reflexão sobre o texto.
Tempo previsto: 50 minutos.
Objetivos específicos: contribuir para que o aluno vivencie a linguagem de forma consciente, tendo atenção quanto a escolhas lexicais e ponderações necessária para a formulação de seu texto.
Distribuir uma cópia para cada aluno do texto “Quando falar é agredir”, de Flávio Gikovate. Fazer a leitura compartilhada, dando oportunidade a cada aluno de participar dessa leitura.
Quando falar é agredir
Há opiniões discrepantes em relação às pessoas que são muito cuidadosas e delicadas quando expressam seu ponto de vista, especialmente sobre temas polêmicos. Alguns as julgam falsas e hipócritas, pois escolhem as palavras com o intuito de agradar o interlocutor. Resultado: desconfia-se de sua sinceridade.
Outros, porém, pensam de forma diferente. Acham que são espíritos mais atentos, preocupados em não ser invasivos e grosseiros. Tomam cuidado, sim, porque não gostariam, em hipótese alguma, de magoar a pessoa com a qual estão conversando.
Pode parecer também que o tipo mais espontâneo e sincero é mais veemente na defesa de suas ideias, enquanto o mais delicado tem menos interesse em fazer prevalecer seu ponto de vista, ficando sempre “em cima do muro”.
Embora muitas vezes tais considerações sejam verdadeiras, penso que não é tão simples fazer a avaliação da conduta mais adequada. Esse assunto não só envolve questões morais, mas diz respeito à eficácia da comunicação entre as pessoas.
Sob o aspecto moral, a preocupação com o outro se impõe sempre. Sermos honestos e sinceros não nos dá o direito de dizer tudo que pensamos. A franqueza pode ser prejudicial. Por exemplo, se uma pessoa, ao encontrar um amigo de rosto abatido, falar: “Puxa, como você está pálido! Até parece doente”, estará sendo sincera, mas tremendamente insensível.
A verdade não subtrai o caráter agressivo da afirmação; pelo contrário o acentua.
Na prática, acredito que uma boa forma de avaliar uma ação é pelo resultado. Se o efeito for destrutivo, a ação será nociva, independentemente da “boa intenção” daquele que a praticou.
A tese de que devemos falar tudo o que pensamos é ainda mais indefensável quando o objetivo é facilitar o entendimento e a comunicação. Indiscutivelmente o ser humano é vaidoso e, se sentir-se ofendido por alguma palavra ou atitude do outro, acabará desenvolvendo uma postura negativa em relação a essa pessoa.
Se alguém iniciar uma frase com expressões do tipo “Você não percebe nada”, “Qualquer idiota é capaz de compreender que…”, elas provocarão uma espécie de surdez imediata. Não ouviremos o resto do argumento ou então o ouviremos com o intuito de encontrar bons raciocínios para derrubá-lo.
Quando nos expressamos, é preciso ter extremo cuidado com as palavras, pois elas atingem positiva ou negativamente o interlocutor. No processo de comunicação, a recepção é tão importante quanto a emissão dos sinais. Temos que nos lembrar disso se quisermos agir de modo construtivo para nós e para os demais.
O professor deverá promover uma discussão dirigida do texto, destacando as principais temáticas:
– Nem sempre devemos falar o que pensamos;
– Muitas vezes a franqueza pode ser considerada prejudicial;
– É necessário ter cuidado com as palavras ao nos expressarmos.
Entregue cópias das perguntas a seguir, para que os alunos respondam por escrito:
01 – Você já passou por alguma situação ou presenciou alguma em que houve uma má interpretação do que foi falado? Como você se sentiu?
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02 – Como você compreende a colocação a seguir: “Quando nos expressamos, é preciso ter extremo cuidado com as palavras, pois elas atingem positiva ou negativamente o interlocutor. ”
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03 – Como podemos usar a nossa língua de forma a minimizar os equívocos que possam ser gerados em sua interpretação?
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04 – Cite exemplos de posturas negativas que podemos desenvolver em relação a nossa fala.
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05 – Você acredita que o uso adequado da língua, tanto para escrever como para falar, pode ajudá-los a melhor se integrarem à sociedade? Por quê?
Exemplo:
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Etapa 4: Falando tudo?
Materiais: um balão para cada aluno.
Tempo previsto: 30 minutos.
Objetivos específicos: Promover uma reflexão sobre o uso adequado da linguagem que tanto pode ser positivo como negativo, nos atingindo e trazendo consequências para nós e para as demais pessoas envolvidas no processo comunicativo.
Dispor os alunos em duas filas, uma próxima da outra, sentados um em frente ao outro. O professor deve entregar um balão para cada pessoa. Em seguida, deve orientar cada um a pensar em cinco coisas que sempre quiseram dizer para alguém, mas nunca tiveram coragem ou oportunidade para isso. Pedir para que pensem na primeira coisa e soprem forte o balão, seguir sucessivamente até que cada um sopre o balão cinco vezes.
Após todos os alunos terem soprado os balões, ainda sentados, pedir para que não amarrem e simplesmente soltem aleatoriamente, evitando a altura do rosto. Os balões irão voar em trajetórias diversas, tocando o aluno que o soltou e outras pessoas da atividade também.
Incentivar uma discussão, propondo a seguinte analogia: o balão ficou “cheio” de nossas intenções comunicativas, mas da mesma forma que ao ser solto (no caso do texto, dito ou escrito) atinge os agentes envolvidos na comunicação, receptor e o emissor de forma positiva ou negativa. A depender da forma como realizamos nossa comunicação, seja ela escrita ou falada, ela poderá ser bem ou malsucedida. Escolher e empregar corretamente as palavras, conforme os propósitos comunicativos, são sinais de competência comunicativa.
À partir do momento que intentamos estabelecer uma comunicação, temos um objetivo a cumprir. Ao soltarmos nossas palavras (tal qual o balão cheio de ar) estamos expondo nossas ideias, mas as formas como elas irão interferir na cena comunicativa, irá depender das nossas escolhas nesse cenário. Podemos dizer as coisas que gostaríamos de dizer (como os alunos foram incentivados no momento de inflar os balões), mas isso deve ser feito de forma adequada; de forma a atingir o próximo e reverberar em si, uma comunicação eficiente.
Etapa 5: O boneco
Materiais: folhas de papel sulfite, caneta, lápis, giz e caneta hidrocor.
Tempo previsto: 50 minutos.
Objetivos específicos: conscientizar os alunos que as dificuldades relativas ao uso da linguagem são partilhadas, cada um a seu modo, por toda a turma. Incentivar o estudo de nossa língua.
O professor deve entregar uma folha de papel sulfite para cada aluno e explicar que cada um irá desenhar parte de um boneco no papel (cada parte a ser desenhada será informada pelo professor).
A seguir há uma lista de sugestões de perguntas e cada aluno só poderá desenhar se sua resposta à pergunta for positiva. O professor deve ressaltar que não se trata de um concurso de desenhos, mas da verificação de que todos nós temos pensamentos e dificuldades diferentes em relação ao entendimento e uso de nossa língua. Que independente de idade, escolaridade e condição social, todos temos nossos reveses no uso da língua materna. Sendo que isso deve nos incentivar ao estudo e busca constante de aprimoramento nesse quesito.
– Você já teve dificuldade de se expressar com amigos e familiares? (Desenhar círculo representando a cabeça do boneco.
– Você tenta adequar o seu modo de falar conforme o contexto em que está? (Desenhar os olhos).
– Você sempre procura adequar seu modo de falar e escrever conforme a circunstância que envolve a comunicação? (Desenhar o nariz)
– Você já perdeu uma oportunidade importante devido ao modo de expressar-se? (Desenhe a boca)
– Você já conquistou algo importante por saber expressar-se direito, seja falando, seja escrevendo? (Desenhe as orelhas)
– Você já teve problemas na escola por ter dificuldade de se expressar? (Desenhe o tronco).
– Você já sofreu ou praticou alguma agressão verbal? (Desenhe os braços)
– Você acredita que sabendo se expressar melhor pode ter mais conquistas? (Desenhe as pernas)
– Você sabe escrever bem os mais diversos tipos de textos? (Desenhe as mãos)
– Você sabe expressar-se perfeitamente bem na modalidade oral de nossa língua, nas mais diversas situações comunicativas (sejam formais ou informais)? (Desenhe os pés)
Incentivar os alunos a compartilharem seus desenhos e promover uma reflexão sobre as diferenças de um para o outro. Cada boneco será desenhado de uma forma diferente, demonstrando que, na maioria das vezes, temos diversas dificuldades relativas ao uso da língua, seja no uso oral ou escrito. A partir da conscientização de nossas limitações, precisamos estar cientes da importância da escola no aprendizado relativo à língua portuguesa. O tempo de estudo na escola e as atividades que são solicitadas aos alunos são importantíssimos para o desenvolvimento da competência comunicativa do falante/aluno, o que irá refletir no uso da língua em suas mais diversas práticas de linguagem.
Expor os desenhos em mural, na sala de aula.
Etapa 6: Folhas que falam.
Materiais: cópias do texto A importância da linguagem de Luísa Galvão Lessa, desenho de uma árvore (com tronco e copa), desenho de folhas (de ao menos 15 cm de largura), lápis de cor, caneta hidrocor e giz de cera.
Tempo previsto: 50 minutos
Objetivos específicos: favorecer reflexões acerca da importância da linguagem e obter retorno das aprendizagens e reflexões promovidas pelas dinâmicas realizadas até o momento
O professor deve entregar aos alunos cópia do artigo de opinião: “A importância da linguagem na vida das pessoas”, de Luísa Galvão Lessa, disponível no link: acesso em 28 ago. 2018, o qual está transcrito a seguir:
A importância da linguagem na vida das pessoas
Luísa Galvão Lessa
A linguagem é o maior recurso que o ser humano possui para alcançar tudo quanto mais deseja na vida. Por isso cada pessoa depende da linguagem para viver em sociedade, pois ela é a base da cultura e dificilmente haveria civilização se não fosse o emprego da linguagem e o poder das palavras. É através delas que influenciamos e provocamos as mudanças, quase sempre, necessárias para construir uma vida melhor.
O linguista francês Louis Hjelmslev, ao falar sobre a linguagem, diz ser ela ferramenta, espelho, lugar. Ferramenta por ser veículo de comunicação; espelho por refletir e traduzir o ser humano que se revela pela linguagem que utiliza; lugar porque reflete a pessoa no meio físico-social onde vive.
Muitos acreditam que o que move o mundo é o dinheiro, os bens materiais que tanto atraem as pessoas ou até mesmo a busca pelo prestígio e poder. Tudo isso é muito importante, considerando que mexem de verdade com o comportamento humano. Porém o que mais é capaz de provocar mudanças, transcender teorias e transformar o mundo é, de fato, a linguagem.
As palavras são muito poderosas, quando saem de nossa boca tem o potencial de criar ou dissipar estresses, cativar ou afastar pessoas, conquistar ou destruir sonhos, provocar paixão ou abrir feridas que duram por uma vida inteira. Tudo vai depender de nossa habilidade de lidar com elas no tempo, dose, forma e tempero adequado.
A linguagem é um mecanismo que faz parte da natureza do ser humano, que possui a necessidade natural de se agrupar em sociedade, a fim de realizar seus objetivos. Por isso, consciente de suas limitações, cada pessoa busca no outro a complementação de si mesmo. E o instrumento, o meio que permite essa aproximação entre pessoas é justamente a linguagem, por favorecer o pensar e o agir. Na ausência da linguagem as pessoas não saberiam como entrar em contato uns com os outros, não teriam como estabelecer vínculos sociais, constituir grupos em volta de interesses comuns.
De tudo que aqui se diz, a conclusão que fica é que quando gravamos as nossas palavras no coração das pessoas, somos capazes de intervir e mudar o mundo em que vivemos. Então, se sabemos disso podemos nos esforçar para interagirmos melhor com os nossos familiares, amigos, companheiros, colegas de trabalho, clientes e fornecedores, remodelando assim o ambiente onde estamos inseridos e contribuindo para que os resultados das nossas ações sejam capitalizados para alcançarmos as conquistas que tanto almejamos.
Pedir aos alunos que partindo da inspiração do texto e de todas as dinâmicas realizadas até o momento, redijam um pequeno texto expondo as aprendizagens, mudanças de comportamento e de pensamento que sentiram frente às vivências propiciadas nas aulas de língua portuguesa, expondo o que mais tenham gostado ou não.
Entregar uma folha para cada aluno e solicitar que escrevam suas reflexões nas mesmas, podendo fazer uso de lápis de cor, giz de cera, caneta hidrocor e muita criatividade.
Por meio dessa atividade, o professor poderá fazer uma avaliação geral da aplicação da proposta de intervenção didática, pois os alunos são incentivados a relatar seu pensamento a respeito das vivências oportunizadas pelas dinâmicas de grupo e de que modo elas puderam influenciar seu pensamento relativo à nossa língua.
Quando todas as folhas estiverem preenchidas, um aluno por vez, deverá colar sua folha na copa da árvore, com o cuidado de não impedir a visibilidade da folha do colega.
Ao término da atividade, expor a árvore em um mural no pátio da escola e propor uma roda de conversa com outras turmas, aproveitando a árvore e as “folhas que falam” de forma a compartilhar as experiências vividas.