Conforme vemos nas linhas iniciais do quadro abaixo, evidenciamos o objetivo geral das atividades da temática 4: A variação social, em seguida temos o tempo estimado total das atividades desse grupo e logo adiante apresentamos os códigos da BNCC (Brasil, 2018) relacionados às práticas de linguagem aqui destacadas.
Principais especificações do Tema 4
Tema 4: A variação social |
Objetivo geral: Oportunizar o (re)conhecimento do fenômeno da variação linguística social. |
Tempo estimado total do tema: 5 aulas de 50 minutos. |
Práticas de linguagem divididas por eixos de ensino/aprendizagem de acordo com a BNCC (Brasil, 2018) e suas respectivas habilidades.
Oralidade: (EF69LP13) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social. (EF69LP14) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos colegas e dos professores, tema/questão polêmica, explicações e ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais minuciosa e buscar em fontes diversas informações ou dados que permitam analisar partes da questão e compartilhá-los com a turma. (EF69LP15) Apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, respeitando os turnos de fala, na participação em discussões sobre temas controversos e/ou polêmicos. |
Leitura/escuta:
(EF69LP01) Diferenciar liberdade de expressão de discursos de ódio, posicionando-se contrariamente a esse tipo de discurso e vislumbrando possibilidades de denúncia quando for o caso. (EF69LP05) Inferir e justificar, em textos multissemióticos – tirinhas, charges, memes, gifs etc. –, o efeito de humor, ironia e/ou crítica pelo uso ambíguo de palavras, expressões ou imagens ambíguas, de clichês, de recursos iconográficos, de pontuação etc. |
Produção:
(EF69LP08) Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –, tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta. |
Análise linguística
(EF69LP55) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito linguístico. |
Fonte: Elaborado pela autora com aporte teórico da BNCC
Conforme apresentado no quadro acima, mostramos as práticas de linguagens e suas habilidades, de acordo com a BNCC (Brasil, 2018), nesse sentido, buscamos facilitar a atividade docente, visto que são comumente requeridas em planejamentos pedagógicos e diários de turmas.
Atividades para turmas do 6º ano
Atividade 1: Uma tirinha de Vida de Suporte
Veja a situação interessante que acontece na tirinha a seguir. Observe a linguagem usado pelo empresário e o rapaz, na figura abaixo
Para entender melhor:
expertise= experiência prática
escopo= objetivo, propósito
sinergia= cooperação
semiótica: ciência que estuda o sistema de comunicação de uma sociedade
A seguir, temos o QR code de acesso à tirinha.
Fonte: <https://br.qr-code-generator.com/.> Acesso em: 19 de ago. de 2023.
A situação exposta na tirinha representa a variação linguística social que também é conhecida como diastrática. Esse tipo de variação representa as diferenças socioculturais entre as pessoas envolvendo questões relacionadas a: idade, escolaridade, profissão, sexo, dentre outras. Isso não quer dizer que uma linguagem é melhor ou pior do que a outra, são apenas diferentes, envolvidas em contextos socioculturais bem distintos.
Perceba que o jovem ficou confuso ao não compreendeu totalmente a mensagem e demonstrou preocupação. Ao final da tirinha uma mulher questiona o jovem insinuando que o empresário estaria usando um outro idioma, o inglês.
O que pode ter prejudicado o entendimento da mensagem do empresário?
Que postura ele deveria ter para que sua mensagem pudesse ser melhor entendida?
Atividade 2: Para refletir e responder
01 – Em algum momento, você já precisou adequar o seu modo de falar ou escrever para ser melhor entendido?
02 – Você considera importante adequar-se ao contexto da comunicação? Por quê?
03 – Como a escola pode te ajudar nesse processo de melhor adequação para falar e escreve?
Destaque para o professor |
Incentive o aluno a observar o modo de falar do empresário: solicite que levantem hipóteses a respeito do que provoca a diferença na linguagem empregada por ele? Nesse contexto, o uso de termos técnicos contribuiu com a eficiência da comunicação?
Converse com os alunos a respeito da variação social da língua e sobre qual tipo de variação se manifesta na escolha de palavras, construções gramaticais, pronúncia e estilo de linguagem utilizados por diferentes grupos sociais em uma mesma comunidade linguística. Cada grupo pode desenvolver características próprias de fala que os identificam e os diferenciam dos demais.
|
Atividades para turmas do 7º ano
Apresentação das atividades para o 7º ano do tema 4
As atividades a seguir são delineadas para o 7º ano. Inicialmente apresentamos um diálogo entre um idoso e um adolescente, que evidentemente representam diferentes esferas sociais regidas pela faixa etária. Em seguida, propomos algumas situações comunicativas, que caracterizam a variação social da língua, para cada uma delas, os alunos devem produzir diálogos adequados aos contextos delineados. Materiais dispositivo eletrônico com acesso à internet (telefone celular, tablet, notebook, equipamento de data show ou televisão). Tempo previsto: 50 minutos. Objetivos específicos: · Favorecer o conhecimento do fenômeno da variação linguística diastrática em contextos de diferenças etárias e profissionais. · Perceber as variações linguísticas em diferentes contextos sociais. |
Atividade 1: Um idoso e um adolescente
Observe o diálogo a seguir, trata-se de uma conversa entre pessoas de faixas etárias diferentes e, por conseguinte, os personagens apresentam o modo de falar bem distinto um do outro. Veja na figura abaixo.
Lembramos que o texto é apenas uma representação de falas para demonstrar a variação que ocorre em virtude da faixa etária. Assim, não podemos generalizar que todos os idosos falam de forma desatualizada e que não compreendem a linguagem do adolescente e nem que todo adolescente faz o uso constante de gírias em sua linguagem.
Fonte: <http://docplayer.com.br/71293150-universidade-federal-de-roraima-escola-agrotecnica-da-ufrr-nivelamento-de-lingua-portuguesa.html>. Acesso em: 08 de jul. de 2023.
Logo abaixo você encontra o QR code de acesso ao diálogo entre o idoso e o adolescente.
Os dois personagens acima representam esferas sociais distintas. A variação linguística que envolve esse diálogo chama-se variação social ou diastrática e envolve categorias como: faixa etária, sexo, nível de escolarização, profissão e estrado social, dentre outros.
De que forma podemos perceber a variação linguística social na fala dos dois personagens?
Atividade 2: Desafio de criação
Agora tenho um desafio para você: crie diálogos com as seguintes propostas:
1) Uma mulher e um homem conversam a respeito de um novo tipo de carro que surgiu no mercado (variação diastrática determinada pelo sexo).
2) Um surfista e um advogado conversam a respeito de surf e banho de mar (variação a diastrática determinada pelo grupo a que a pessoa pertence).
Destaque para o professor |
Após a resolução da atividade, converse com os alunos a respeito da variação diastrática e como ela se manifesta em diferentes contextos sociais. Destaque que a língua é dinâmica e está em constante mudança, sendo influenciada por diversos fatores. Evidencie que esse tipo de variação envolve variáveis como idade, sexo, linguagem técnica, gírias e outros aspectos sociais. Peça para os alunos compartilharem suas próprias experiências e observações relacionadas a essas variações. Incentive os alunos a desenvolverem uma maior consciência e valorização da sua própria forma de falar e a das pessoas que estão ao seu redor. Isso os ajudará a compreenderem melhor o processo de comunicação e a necessidade de se adaptarem a diferentes contextos sociais.
|
Atividades para turmas do 8º ano
Apresentação das atividades para o 8º ano do tema 4
Logo abaixo temos atividades que destacam algumas frases atribuídas à profissão jurídica e outras que evidenciam o grupo social dos surfistas. Tanto em uma situação como na outra, os alunos podem ter contato com expressões que não conheçam e são questionados em relação a dificuldade que isso provoca no entendimento da mensagem. Propomos pesquisas em dicionários virtuais ou impressos para entendimento dos termos desconhecidos. Por derradeiro, indicamos ponderações a respeito da necessidade de adequação comunicativa ao contexto e a preocupação com escolhas linguísticas que tornem nossa comunicação mais produtiva. Materiais: dispositivo eletrônico com acesso à internet (telefone celular, tablet, notebook, equipamento de data show ou televisão). Tempo previsto: 50 minutos. Objetivos específicos: · Desenvolver (re)conhecimento do fenômeno da variação linguística diastrática. · Oportunizar o reconhecimento que há várias maneiras de se expressar, observando o contexto e a intencionalidade. · Refletir a respeito de comunicação eficiente.
|
Atividade 1: O jurista e o surfista
Observe a figura que está logo abaixo, tendo como foco a linguagem empregada.
Fonte: <https://pt.slideshare.net/marciasimone3/aula-04-variacao-linguistica>. Acesso em: 25 de jan. de 2024.
Logo abaixo temos o QR code de acesso à imagem com a representação da falada do jurista e do surfista.
Fonte: <https://br.qr-code-generator.com/>. Acesso em: 25 de jan. de 2023.
As linguagens representadas no texto evidenciam a variação social de nossa língua (diastrática). Podemos citar como exemplos desse tipo de variação:
– linguagem dos advogados;
– linguagem dos surfistas;
Que outros tipos de exemplos você pode citar que representem a variação social de nossa língua? (Cite ao menos dois exemplos)
Atividade 2: Para refletir e responder
01) Você conhece todas as palavras ou expressões do linguajar jurídico que aparecem no texto da imagem acima? Caso não conheçam alguma, você deve destacar e procurar seu significado em um dicionário online ou impresso.
02) E em relação ao sufista? As informações ficaram claras? Você conhece todas as palavras ou expressões? Para alguma delas você precisou pesquisar o significado?
Para pensar: se a comunicação não vai ser eficiente (ou seja, as pessoas não vão conseguir entender) de que ela vai adiantar?
Atividades para turmas do 9º ano
Apresentação das atividades para o 9º ano do tema 4
As próximas atividades são baseadas, inicialmente, na música Cuitelinho de Paulo Vanzolini e representa a cultura do Pantanal mato-grossense. Destacamos algumas palavras no texto da música que, por vezes, estão presentes em diversos estrados sociais, no entanto são atribuídas a pessoas de baixo escolaridade. Posteriormente, apresentamos discussões relacionadas ao uso da língua e a exclusão social e a necessidade de valorizarmos todas as manifestações da linguagem como legítimas e representativas de nossa própria identidade cultural. Materiais dispositivo eletrônico com acesso à internet (telefone celular, tablet, notebook, equipamento de data show ou televisão). Tempo previsto: 2 aulas de 50 minutos. Objetivos específicos: · Discutir as implicações da variação linguística social. · Refletir a respeito de variação linguística e preconceito.
|
Atividade 1: A música Cuitelinho de Paulo Vanzolini
Assista ao vídeo da música Cuitelinho de Paulo Vanzolini, executada por Pena Branca e Xavantinho. Em seguida faça a leitura da letra da música e destaque palavras ou expressões que estão sendo usadas de uma forma diferente da que você conhece.
O vídeo da música está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fyJLaIy2zWU>. Acesso em 17 de jan. de 2024.
A seguir, você encontra uma figura com o QR code de acesso ao vídeo da música Cuitelinho.
Música: Cuitelinho
De: Paulo Vanzolini
Cheguei na beira do porto
Onde as ondas se espáia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai
Aí quando eu vim de minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
Os óio se enche d`água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai
A palavra cuitelo é um regionalismo para beija-flor e faz referência ao cenário do Pantanal do Mato Grosso. A origem precisa da canção não é conhecida. Mas, Cuitelinho, faz parte do folclore mato-grossense. Vanzolini relata que ouviu os versos através de um amigo, Antônio Carlos Xandó, que durante uma pescaria no rio Paraná apreciou os versos na voz de um barqueiro. Diante da beleza dos versos, Vanzolini pôs-se à tarefa de estrutura-los ao som da viola caipira e compor mais algumas linhas. Foi gravada originalmente em 1974, por Nara Leão. Em 1987 foi regravada e lançada por Pena Branca e Xavantinho, voltando a fazer muito sucesso. Essa música representa a variação social da língua representada por uma classe social menos privilegiada: um barqueiro do pantanal.
Atividade 2: Para refletir e responder
01 A variedade linguística empregada no texto é caracterizada pelo registro na escrita de formas típicas da linguagem oral. Identifique e destaque no texto palavras ou expressões que representem esse fenômeno.
02 Algumas palavras receberam grafia diferente da que é prescrita pela norma-padrão. Identifique no texto palavras em que ocorrem a vocalização do lh (Exemplo: óio = olho).
03 Observe a marca de plural que aparece no artigo: “Onde as onda se espaia / As garça dá meia volta”, elas são suficientes para pluralizar a ideia, isto é, dar a ideia de mais de um? Explique por que isso ocorre.
04 – Essas situações e outras do texto demonstram que o autor, intencionalmente, fez uso de uma variante linguística para identificar o falar específico de um determinado grupo social, esse tipo de variação é chamado de variação social ou diastrática. Em se tratando de uma música que retrata o falar próprio de uma região, a não utilização da norma prescrita pela gramática prejudicou o entendimento da mensagem?
Atividade 3: A variação social e a segregação (exclusão)
Para você pensar: de forma geral, a fala representada na música é comumente atribuída ao falar de pessoas menos escolarizadas. No entanto, percebemos que, no meio urbano e até na fala de pessoas que se dizem mais esclarecidas, já ouvidos em algum momento, o verbo chegar é usado com a preposição em. Por exemplo: Cheguei na faculdade. Em vez de: Cheguei à faculdade. Na mesma medida, também suprimimos o “r” em final de muitas palavras. Observe as frases: Ela quer entregar o trabalho = Ela que entrega o trabalho. Qual é a mais comum no linguajar em geral? Quantas concordâncias verbais e nominais alteramos em nossa comunicação todo dia. Não podemos fazer da variação social (diastrática) um meio de segregação (exclusão) social.
Com base no que você estudou até aqui, como você se reagiria ao presenciar uma situação de discriminação de um determinado grupo de pessoas pelo modo com que elas falam?
Destaque para o professor |
Na música Cuitelinho, o verbo chegar é regido pela preposição “em”: Cheguei na beira do porto – diferentemente do que pede a tradição gramatical: verbo chegar sempre regido pela preposição “a”. Porém, a regência “em” é comumente utilizada na língua falada. Amaral (1955) afirma que o fonema “lh” se vocaliza em “i” e que esse fenômeno é muito comum na linguagem rural. Verifica-se a iotização nos seguintes casos: espáia (verso 2), parentaia (verso 8), bataia (verso 12), navaia (verso 14), faia (verso 16), óio (verso 17), atrapaia (verso 18). O verbo espalhar sofre Apócofe, que é a supressão de letra ou sílaba no fim da palavra, do fonema “r”. A ausência de concordância verbal em: as ondas se espáia (verso 2), as garça dá meia volta e senta (versos 3 e 4), os óio se enche (verso 17). Foram registrados os seguintes casos da ausência de concordância nominal: as garça (verso 3), terras paraguaia (verso 10), fortes bataia (verso 12), os óio (verso 17). |