Tema 7: A língua e o preconceito ( preconceito linguístico)

         

Abaixo, apresentamos o um quadro e nele expomos a temática 7, que versa a respeito do preconceito linguístico. Em suas linhas iniciais, temos o objetivo geral desse grupo de atividades e a somatória do tempo estimado de todos os exercícios que a compõem.

Da mesma forma, evidenciamos os códigos da BNCC (Brasil, 2018) e as práticas de linguagem a que se referem.

Principais especificações do Tema 7

         Tema 7: A língua e o preconceito
Objetivo geral: contribuir para que o aluno vivencie a linguagem de forma consciente, tendo atenção quanto às escolhas lexicais e ponderações necessária para a formulação de textos orais e escritos, e discutir questões relacionadas ao preconceito linguístico.
Tempo estimado total do tema: 9 aulas de 50 minutos.
Práticas de linguagem divididas por eixos de ensino/aprendizagem de acordo com a BNCC (Brasil, 2018) e suas respectivas habilidades

Oralidade:

(EF69LP13) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social.

(EF69LP14) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos colegas e dos professores, tema/questão polêmica, explicações e ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais minuciosa e buscar em fontes diversas informações ou dados que permitam analisar partes da questão e compartilhá-los com a turma.

Leitura/escuta:

(EF89LP03) Analisar textos de opinião (artigos de opinião, editoriais, cartas de leitores, comentários, posts de blog e de redes sociais, charges, memes, gifs etc.) e posicionar-se de forma crítica e fundamentada, ética e respeitosa frente a fatos e opiniões relacionados a esses textos.

(EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes diversas (impressas, digitais, orais etc.), avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as informações necessárias

Produção:

(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.

Análise linguística:

EF89LP31) Analisar e utilizar modalização epistêmica, isto é, modos de indicar uma avaliação sobre o valor de verdade e as condições de verdade de uma proposição, tais como os asseverativos – quando se concorda com (“realmente, evidentemente, naturalmente, efetivamente, claro, certo, lógico, sem dúvida” etc.) ou discorda de (“de jeito nenhum, de forma alguma”) uma ideia; e os quase-asseverativos, que indicam que se considera o conteúdo como quase certo (“talvez, assim, possivelmente, provavelmente, eventualmente”).

(EF69LP55) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito linguístico.

(EF69LP56) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da norma-padrão em situações de fala e escrita nas quais ela deve ser usada.

Fonte: Elaborado pela autora com aporte teórico da BNCC.

Observamos que quadro acima temos em evidência o tema 7: Nossa língua e o preconceito, detalhando principalmente as práticas de linguagem e as habilidades que são desenvolvidas por meio de dessa temática e de acordo com a codificação da BNCC (Brasil, 2018).

 

Atividades para turmas do 6º ano

 

Apresentação das atividades para o 6º ano do tema 7

 

Para os exercícios seguintes, exibimos um pequeno texto que representa a fala de um aluno em um determinado contexto escolar. Esse modo de falar apresenta características que seriam consideradas inadequadas, conforme a norma-padrão. Os alunos são questionados a respeito de como reagiriam a esta situação.  Em seguida apresentamos o que vem a ser preconceito linguístico e promovemos a produção de cartazes com essa temática, por meio da plataforma Canva.

Materiais:  dispositivo eletrônico com acesso à internet (telefone celular, tablet, notebook, equipamento de data show ou televisão).

Tempo previsto: 2 aulas de 50 minutos.

Objetivos específicos:

·         Reconhecer a importância da linguagem na vida das pessoas e na interação social.

·         Refletir a respeito do combate ao preconceito linguístico.

 

Atividade 1: Em sala

 

Leia o pequeno trecho a seguir.

Em sala

Um colega de sua sala, durante uma atividade, faz a você a seguinte pergunta: – Eu num intendi direito o que é pra fazê, cê pode me expricá… Nóis num precisa pô o nome nesse papel, né?! É só pra respondê i intregá?    (Trecho elaborado pela autora)

 

01- Pense em qual seria a sua reação se um colega de sala estivesse conversado com você conforme a proposta descrita acima?

 

  1. Iria responder à pergunta naturalmente.
  2. Acharia estranho o jeito do colega falar, mas responderia.
  3. Estranharia o modo de falar dessa pessoa e iria corrigi-la de imediato e posteriormente iria responder.

 

  • – Você já sofreu ou presenciou algum preconceito devido ao modo de falar ou escrever algo ou já presenciou uma situação semelhante? Compartilhe sua experiência.

 

O preconceito linguístico é impulsionado pela ideia de que nossa língua é homogênea e não sofre variação, provocando o equívoco de que existe uma única forma de língua correta e tudo que se desvia disso seria considerado errado. Assim, é a manifestação de discriminação ou desvalorização de determinadas variedades linguísticas em relação a outras. Isso ocorre quando há uma hierarquização das formas de falar, com algumas sendo consideradas superiores e outras inferiores, percebemos que na maioria das vezes esse julgamento está atrelado ao preconceito socioeconômico.

Você já deve ter percebido a ridicularização de sotaques regionais, estigmatização de gírias ou formas de populares expressão e associação de características negativas a determinadas formas de falar? Infelizmente, essas manifestações linguísticas são associadas a pessoas consideradas com menor escolaridade e pertencentes a camadas mais baixas da sociedade. Combater o preconceito linguístico envolve o reconhecimento e a valorização da diversidade linguística de nosso país, promovendo uma educação inclusiva e respeitando o direito de cada indivíduo de se expressar da maneira que lhe é mais natural e identitária.

 

Atividade 2: Oficina de cartazes

 

Por meio da plataforma Canva (https://www.canva.com/), que pode ser acessada por um celular ou outro dispositivo conectado à internet, você deve criar um cartaz expondo o que é preconceito linguístico e a necessidade de combatê-lo.

O Canva oferece centenas de modelos gratuitos de cartazes, é bem intuitivo e possibilita diversas inserções e alterações conforme o tema designado. Veja na figura abaixo a imagem inicial dessa plataforma.

Print da imagem inicial  da plataforma Canva


Fonte: https://www.canva.com/. Aceso de 10 de jun. de 2023.

Após a confecção do seu cartaz, você pode compartilhar sua imagem com os demais colegas da turma ou imprimir e anexar em um mural em sua escola, divulgando e cooperando com o conhecimento dessa temática e promovendo discussões, juntamente com seu professor, a respeito da necessidade de combatermos o preconceito linguístico.

Dicas para fazer o cartaz:

– escolher bem alguma imagem para usar, pois ela deve sintetizar a ideia abordada;

– o texto escrito é necessário, mas deve ser sucinto e objetivo;

– pense na disposição da imagem e do texto, sempre buscando equilíbrio e informações claras.

Na impossibilidade de uso da plataforma Canva, pode-se usar cartolinas ou papéis diversos, pincéis e tinta. O mais importante é a criatividade e não deixar de abordar um assunto tão importante.

 

Atividades para turmas do 7º ano

Apresentação das atividades para o 7º ano do tema 7

 

Para o 7º ano preparamos atividades que iniciam com dois textos, sendo que o primeiro apresenta uma citação de Marcos Bagno a respeito do que vem a ser preconceito linguístico e o segundo um texto  que produzimos com essa mesma temática. Após reflexões a respeito dos textos, apresentamos uma reportagem veiculada em um portal da internet que expõe uma crítica preconceituosa a respeito de músicas populares. Promovemos discussões relacionadas ao uso da língua  e o preconceito que pode ser ocasionado em algumas situações comunicativas, no caso em destaque, as letras de algumas canções.

Materiais dispositivo eletrônico com acesso à internet (telefone celular, tablet, notebook, equipamento de data show ou televisão).

Tempo previsto: 2 aulas de 50 minutos.

Objetivos específicos:

·         Perceber que a língua é um fenômeno vivo, variável e que atende às necessidades comunicativas de seus falantes em diversos contextos sociocomunicativos.

·         Promover do combate ao preconceito linguístico.

 

Atividade 1: Que história é essa?

 

Leia os dois textos a seguir.

 

Texto 1:

Conforme o linguista e professor Marcos Bagno: “O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe […] uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Qualquer manifestação linguística que escape disso é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, errada, feia, estereotipada, rudimentar, deficiente” (Bagno, 2007, p. 38).

 

Texto 2:

A professora e escritora Marli Quadros Leite (2008, . 13) nos informa que “A linguagem é o que o homem tem de mais íntimo e o que representa a sua subjetividade. Não é exagero, portanto, dizer que uma crítica à linguagem do outro é uma arma que fere tanto quanto todas as armas.” Há uma profunda ligação entre a nossa linguagem e a nossa identidade pessoal. A linguagem é um reflexo da individualidade de cada um. Quando alguém critica a forma como outra pessoa fala ou escreve, não está apenas apontando uma diferença linguística, mas está, de certa forma, atacando a própria essência e identidade daquela pessoa. (Texto elaborado pela autora)

 

Após a leitura dos dois textos motivadores, comente o que você entende por preconceito linguístico e como ele pode afetar de forma negativa as nossas vidas.

 

Atividade 2: O que dizem das músicas?

 

Agora observe e leia o texto a seguir que foi veiculado pelo portal IG São Paulo, em 22 de outubro de 2018.

Disponível em: < https://gente.ig.com.br/cultura/2018-10-22/musicas-erros-de-portugues.html>. Acesso em: 10 de jun. de 2023.

 

         Esse texto mostra uma crítica preconceituosa em relação às letras de algumas músicas. Tem como foco situações que, segundo o autor, seriam consideradas como erro. No entanto,  são evidencia de um uso menos monitorado da língua e  da liberdade poética dos autores das canções. Por meio dessas letras podemos perceber uma adaptação da linguagem ao contexto cultural da obra, capturando a pensamentos e emoções de maneiras que transcendem a gramática formal.

 

Músicas com erros de português estão presentes entre os hits brasileiros

Do sertanejo ao rock, as músicas com erros de português são comuns entre as canções brasileiras, mas muitas vezes passam despercebidas dos ouvintes.

 

Alguns hits brasileiros são como chiclete, mas é melhor tomar cuidado, pois confiar demais na linguagem das canções pode ser prejudicial na hora de falar e escrever, afinal, músicas com erros de português aparecem com frequência nas paradas de sucesso. Muitas vezes as músicas com erros de português passam despercebidas pelos ouvintes, mas é necessário estar sempre atento às letras, principalmente quando se deseja colocar uma canção na legenda de uma foto, por exemplo.

Engana-se quem acha que tais erros são cometidos exclusivamente por novos cantores. Os experientes, ditos como ícones da música brasileira, são os que mais derrapam no português. Pensando nisso o iG Gente separou uma lista com as canções que cometeram gafes com o idioma do país; veja:

O final dos anos 80, foi marcado pelo hit Entre tapas e beijos, de Leandro e Leonardo. Apesar de todo o romantismo sertanejo e popularidade, a canção é marcada por uma frase para lá de redundante – Se me manda ir embora/ Eu saio pra fora. O fato de sair já emprega automaticamente que vai para fora de algo ou algum lugar, logo, não há necessidade do complemento da frase.

Em As mina pira, Fernando e Sorocaba usam gírias para rimar e se esquecem das regras do idioma nativo – As mina pira, pira/ Toma tequila/ Sobe na mesa/ Pula na piscina.  A frase se inicia no plural e segue totalmente no singular. Cá entre nós, que consertar esse erro não prejudicaria o sertanejo, que ficaria: As minas piram, piram/ Tomam tequila/ Sobem na mesa/ Pulam na piscina.

Quase todo brasileiro já ligou o som no último volume pra escutar Telefone mudo, do Trio Parada Dura, mas muitos deixaram a fossa tomar conta do momento e nem perceberam a gafe no refrão – Porque já estou cansado de ser o remédio pra curar o seu tédio, quando seus amores não lhe satisfaz.  A palavra satisfaz está um tanto quanto perdida na frase, já que seu uso correto é no plural – satisfazem – de modo a concordar com: seus amores.

Trap com beijo é a mais nova canção do Hungria Hip Hop, mas vem recheada de erros ao longo de sua letra. Com palavras abreviadas como tô no lugar de estou e cê simplificando você, a música não se mantém fiel à concordância, começando pela parte – Se seu beijo é em vão, sua mão não são, não dá pra perceber –  trecho confuso, afinal, ele começa citando mão (singular) e prossegue o pensamento no plural, dificultando assim a compreensão do que: não dá para perceber, o beijo ou a mão?

 

Em relação à reportagem Músicas com erros de português, responda aos questionamentos a seguir.

 

01 – Você acredita que a postura do autor do texto demonstra preconceito linguístico? Por quê?

 

02 – Certamente você já ouviu ou usou diversas palavras e frases como as que foram atribuídas como erradas na reportagem? O que você acha do posicionamento do autor do texto em relação a esses usos?

 

03 – Comente a seguinte afirmação: As frases consideradas erradas pelo autor do texto são na verdade manifestações da língua em uso e fazem parte da linguagem popular de diferentes classes sociais.

 

Atividades para turmas do 8º ano

           Apresentação das atividades para o 8º ano do tema 7

 

A seguir, temos atividades que iniciam com a divisão da turma em quatro grupos para posterior debate de quatro situações relacionadas ao preconceito linguístico. Em seguida, apresentamos um texto do professor Jairo Beraldo que relaciona esse tipo de preconceito a outras discriminações, como a socioeconômica, cultural e racial. Os alunos são levados a compreensão de que essa intolerância está intimamente ligada ao preconceito social e que as ações relativas ao seu combate devem fazer parte do contexto escolar.

Materiais:  dispositivo eletrônico com acesso à internet (telefone celular, tablet, notebook, equipamento de data show ou televisão).

Tempo previsto: 2 aulas de 50 minutos.

Objetivos específicos:

·         Reconhecer o preconceito linguístico que está atrelado a outros preconceitos.

·         Valorizar nossa diversidade linguística e cultural.

 

 

Atividade 1: Debatendo o preconceito

 

Sua turma deve ser dividida em 4 grupos, cada grupo irá responder a uma das 4 perguntas a seguir, e ao final cada grupo irá expor suas respostas e posicionamentos para a turma.

 

Grupo 1: O preconceito linguístico está presente em nossos cotidianos. Como esse tipo de preconceito tem se manifestado em nossos dias? Cite alguns exemplos.

 

Grupo 2: Qual é a relação entre preconceito linguístico e preconceito social?

 

Grupo 3: Quais as consequências do preconceito linguístico?

 

Grupo 4: Qual o papel da escola no combate ao preconceito linguístico?

Destaque para o professor

O primeiro passo para combater o preconceito linguístico é respeitar a existência das variações linguísticas e dos diferentes contextos culturais. Por isso o ensino da diversidade linguística deve estar presente em nossas escolas.  Bagno (2013) nos adverte que a gramática normativa representa no imaginário coletivo, a língua supostamente falada pelas camadas sociais de prestígio, que detêm o poder econômico e político no país. Tais classes costumam valorizar a norma-padrão como um elemento precioso de sua própria identidade. Essa padronização linguística serve como instrumento para separar as camadas sociais e manutenção da dominação, tornando-se uma forma de preservar as classes na ordem em que estão e coopera com a perpetuação do preconceito linguístico e social.

 

 

Atividade 2: O preconceito linguístico e outras formas de preconceitos

 

Leia o texto a seguir do professor Jairo Beraldo e veja o que ele nos informa a respeito do preconceito linguístico.

Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/portugues/preconceito-linguistico.htm>  . Acesso em: 25 de jan. de 2024.

 

Preconceito linguístico

 

O preconceito linguístico, segundo o linguista Marcos Bagno, é a rejeição às variedades linguísticas de menor prestígio. Segundo Bagno, todo juízo de valor negativo (de reprovação, de repulsa ou de desrespeito) às variedades linguísticas de menor prestígio social. Normalmente, esse prejulgamento dirige-se às variantes mais informais e ligadas às classes sociais menos favorecidas, as quais, via de regra, têm menor acesso à educação formal ou têm acesso a um modelo educacional de qualidade deficitária.

Conforme Bagno, na obra Preconceito Linguístico: o que é, como se faz (1999), o preconceito linguístico deriva da construção de um padrão imposto por uma elite econômica e intelectual que considera como erro e, consequentemente, reprovável tudo que se diferencie desse modelo. Além disso, está intimamente ligado a outros preconceitos também muito presentes na sociedade, como veremos a seguir.

  • Preconceito socioeconômico: entre todas as causas, talvez seja a mais comum e a que traga consequências mais graves. Isso se deve ao fato de membros das classes mais pobres, pelo acesso limitado à educação e cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades linguísticas mais informais e de menor prestígio. Assim, são excluídos principalmente dos melhores postos no mercado profissional, e cria-se a chamada ciclicidade da pobreza: o pai pobre e sem acesso à escola de qualidade dificilmente oferecerá ao filho oportunidades (pela falta de condição), e este, provavelmente, terá o destino daquele.
  • Preconceito regional: junto ao socioeconômico, é uma das principais causas do preconceito linguístico. São comuns casos de indivíduos que ocupam as regiões mais ricas do país manifestarem algum tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos típicos de áreas mais pobres.
  • Preconceito cultural: no Brasil, há uma forte aversão por parte da elite intelectual à cultura de massa e às variedades linguísticas por ela usadas. Isso fica evidente, por exemplo, na música. Por muito tempo, o sertanejo e o rap foram segregados no cenário cultural por serem oriundos de classes menos favorecidas (muitas vezes, sem acesso à educação formal) e que se utilizam de uma linguagem bastante informal (a fala do caipira ou de um membro de uma comunidade em um grande centro, por exemplo). É muito importante destacar que ambos são estilos musicais extremamente ricos e são parte importantíssima da identidade cultural de milhões de pessoas.
  • Racismo: racismo infelizmente, no Brasil, elementos da cultura negra ainda são segregados por uma parcela da população. Isso se reflete na linguagem, por exemplo, no significado de palavras de origem africana, como macumba, que, no Brasil, é ligada a satanismo ou feitiçaria, mas, na verdade, é um instrumento de percussão usado em cerimônias religiosas de origem africana.

A principal consequência do preconceito linguístico é a acentuação dos demais preconceitos a ele relacionados. Isso significa que o indivíduo excluído em uma entrevista de emprego, por se utilizar de uma variedade informal da língua, não terá condições financeiras de romper a barreira do analfabetismo e, provavelmente, continuará excluído. O cidadão segregado por apresentar sotaque de uma determinada região continuará sendo visto de forma estereotipada, sendo motivo de riso ou de chacota e assim por diante.

No Brasil, o preconceito linguístico é muito perceptível em dois âmbitos: no regional e no socioeconômico. No primeiro caso, é comum que os agentes estejam nos grandes centros populacionais, os quais monopolizam cultura, mídia e economia, como Sudeste e Sul. As vítimas, por sua vez, normalmente, estão nas regiões consideradas pelos algozes como mais pobres ou atrasadas culturalmente (como Nordeste, Norte e Centro-Oeste). Rótulos como: nordestino analfabeto ou goiano caipira, infelizmente, ainda estão presentes no pensamento e no discurso de muitos brasileiros. No segundo caso, o preconceito linguístico dirige-se da elite econômica para as classes mais pobres. Segundo o professor Bagno, muitos usam a língua como ferramenta de dominação, visto que o desconhecimento da norma-padrão, de acordo com essas pessoas, representaria um baixo nível de qualificação profissional.

A participação de escola, família e mídia na propagação do princípio da adequação linguística é fundamental para o fim do preconceito linguístico. Essa adequação é o princípio segundo o qual não se fala mais em certo ou errado na avaliação de uma determinada variedade linguística. Fala-se, pois, se a variedade em questão é adequada ou não à situação comunicativa (contexto) em que ela se manifesta.

Isso significa que, em um contexto formal ou solene, seria adequado o uso da linguagem mais formal e inadequado o uso de uma variedade mais informal (coloquial). Da mesma forma, em situações informais, deve-se usar uma variante informal (coloquial) em detrimento da linguagem formal (padrão, culta).

 

1) Conforme o texto, qual a relação entre norma-padrão e preconceito linguístico?

 

2) Como a escola, a família e mídia podem cooperar com o combate ao preconceito linguístico?

 

3) Escreva a respeito da relação entre preconceito linguístico e outras formas de preconceito relacionadas ao fator socioeconômico, regional, cultural e ao racismo.

Destaque para o professor

Converse com aos alunos a respeito do preconceito linguístico, despertando o interesse da turma pelo tema, destacando pontos relevantes como: nossa língua não é homogênea; a diversidade linguística faz parte de todas as línguas em uso e, em geral, o preconceito linguístico está atrelado ao preconceito social, conforme nos esclarece o texto desta atividade. Professor, após a leitura e preparação das respostas, é importante realizar um momento de socialização para que os alunos possam expor suas ideias.

 

Atividades para turmas do 9º ano

 

Atividade 1: Vozes-Mulheres de Conceição Evaristo

 

            A seguir você irá conhecer um texto da escritora Maria da Conceição Evaristo de Brito, autora do texto Vozes-Mulheres.

 

Conhecendo a autora

A escritora Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946. De família pobre, mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1970. Graduada em Letras pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino na cidade de Rio de Janeiro.  Tornou-se mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro em 1996 e Doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense em 2011.

Possui participação ativa dos movimentos de valorização da cultura negra de nosso país e estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. Desde então, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores.

 

Leia o texto a seguir:

Vozes-Mulheres 

De: Conceição Evaristo

A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela

A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue e fome.

A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.

A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.

 

O texto envolve luta e resistência social, tendo em destaque a figura do negro e da mulher. Este poema evoca poderosamente a experiência da mulher negra ao longo das gerações, destacando as vozes que ecoam através dos tempos, carregando histórias de opressão e esperança. Essa voz ecoa persistência e resistência, apesar das adversidades.

 

A seguir temos algumas questões para você refletir e responder.

 

1)  A autora nos informa que:

Na voz de minha filha

se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.

Como O eco da vida-liberdade pode se fazer presente em sua vida por meio do uso da linguagem?

 

2)  Como a voz das minorias pode ser melhor ouvida em nossa sociedade? Qual o papel da escola nesse contexto?

 

3 – Como a voz que ecoamos pode imprimir mudanças no meio que vivemos e contribuir com nossa mobilidade social? Você acredita que saber posicionar-se, conforme a necessidade comunicativa do momento, pode te ajudar a se tornar voz de resistência e transformação?

Destaque para o professor

Estimule uma discussão a respeito do preconceito linguístico, evidencie que muitas vezes julgamos as pessoas pelo modo como elas falam e tecemos comentários negativos quando nos deparamos com textos falados ou escritos que se afastam da norma tida como padrão. Incentive o combate ao preconceito linguístico e fortaleça a valorização da nossa língua e identidade

 

Atividade 2: E-zine no preconceito

 

O nome e-zine provém da palavra fanzine (junção de fan e magazine ou revista de fã) e comumente são chamadas apenas de zine. São pequenas revistas produzidas e publicadas de forma independente por autores (geralmente) desconhecidos.  E-zine é uma versão virtual de uma fanzine.

 

Passos para sua criação:

1 – Determinação do tema: O preconceito linguístico como sinônimo de preconceito social e suas consequências.

2 – Escolha de imagens e textos

3 – Montagem (que pode ser no word, Canva ou uma plataforma de criação de zines virtuais, como por exemplo:  <https://www.flipsnack.com/bp/ezine>. Acesso em 25 de jan. de 2024).

4 – Divulgação (em meios virtuais diversos como a página da escola, facebook, whatsapp, etc., ou impressa e distribuída manualmente).

 

Na impossibilidade de criação de um e-zine, pode-se lançar mão de recursos manuais como duas ou folhas simples de papel A4 dobradas ao meio, intercaladas e grampeadas. A escrita e as imagens podem ser manuais ou digitadas e impressas em uma impressora simples. Posteriormente, pode ser divulgado e distribuído na escola. Veja na figura abaixo a dobradura do papel A4 em formato de zine:

Zine em papel A 4


Fonte: <https://pt.wikihow.com/Fazer-um-Zine>. Acesso em: 10 de jan. de 2024.

Destaque para o professor

Os e-zines abrem espaço para a criatividade e possibilitam a inovação dos formatos e gêneros textuais próprios do ambiente virtual. Transita entre a revista eletrônica, as histórias em quadrinhos, os textos de divulgação científica, a arte digital e a fotografia. Por serem materiais criativos e de auto publicação, os e-zines podem se apropriar de recursos, por vezes, impensados no ambiente tradicional da escola.

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